Ring [Ring Virus]

Realizado por Kim Dong-bin
Coreia do Sul/Japão, 1999 Cor – 108 min.
Com: Shin Eun-gyeong, Jeong Jin-yeong, Bae Du-na, Kim Chang-wan, Yun Ju-sang, Kim Jin-man, Park Sin-yeong, Kim Ji-seon
horror
Poster
A jornalista Hong Seon-ju (Shin) investiga as mortes da sobrinha e um grupo de amigos em circunstâncias misteriosas: todos no mesmo dia, aparentemente de ataque cardíaco. A opinião minoritária de Choi (Jeong), um médico legista, vai uni-los na procura de pistas que os levará a uma cassete vídeo supostamente amaldiçoada: quem vir as imagens gravadas deverá morrer uma semana depois. Remake do popular filme japonês «Ring» (1998).

As probabilidades da maioria dos leitores já terem visto mais do que uma versão desta história são elevadas. Depois da popularidade do filme de Nakata Hideo e do sucesso mais global da versão americana, dirigida por Gore Verbinski, o fantasma feminino, desconjuntado e de cabelos compridos, tornou-se uma imagem familiar e um cliché associado ao horror produzido na Ásia.

As semelhanças com o filme original são suficientes para não demorarmos muito até ficarmos impacientes e a desejar que o fim chegue rápido. As alterações no argumento são mínimas: a protagonista tem uma filha em vez de um filho, trabalha na imprensa escrita e não na TV, e o parceiro de investigação não é o ex-marido, mas um médico que acaba de conhecer — o que remove a tensão familiar que existe no original.

No campo visual, o realizador Kim Dong-bin optou pelo minimalismo e uma certa frieza. A história é exposta de forma demasiado clara e directa (a maldição na cassete até tem instruções com caracteres impressos!). Mas o problema é que o filme não nos prende a atenção e dificilmente poderá sugerir medo. É difícil de dizer se tal se deve em parte ao facto de estarmos a ver um clone ou apenas a limitações cénicas e dramáticas da obra.

VHS Shin, Jeong
Song-ju (Shin Eun-gyeong) pede a ajuda de Choi (Jeong Jin-yeong) na análise da misteriosa cassete de vídeo.

O médico, interpretado por Jeong Jin-young («Wild Card», «The King and the Clown»), é uma personagem inexplicavelmente desagradável, pelo menos a início, e a protagonista Shin Eun-gyeong — conhecida por «Downfallen» (1997), de Im Kwon-taek, e, mais tarde, por «My Wife is a Gangster» (2001) — não consegue transmitir o terror que a ameaça a ela a à filha.

A banda sonora tem momentos, mas sentimos a falta dos efeitos de som crepitantes e de todos os artifícios — ainda que simples — do filme original. Acresce que Bae Du-na, no seu primeiro papel no grande ecrã, ainda que mal mostre o rosto, tem um ar demasiado saudável para nos meter medo.

Há outro pormenor muito diverso em relação ao original, que não podemos referir aqui, que pode ter sido pensado como uma surpresa “original” e “inteligente”; mas não só o elemento não é usado para melhor efeito dramático — ainda que venha a estar na origem da vingança do fantasma —, como acaba por parecer humor involuntário.

Bored
Enquanto no «Ring» japonês se aceitava ou entendia o ódio generalizado do fantasma que motivava a maldição que poderia afectar qualquer infortunado, na versão coreana ficamos por perceber porque é que a força sobrenatural não se vira contra o responsável pelo seu triste desfecho, que ainda por ali anda, ainda que a sua intervenção no filme se reduza a uma cena de dois minutos.

O DVD sul-coreano (Bitwin, R0) já tem uns anos e a qualidade de imagem tem as suas limitações, por comparação com as cópias que se produzem actualmente neste mercado. A transferência é anamórfica e o som Dolby 5.1.

publicado online em 9/8/06

cinedie asia © copyright Luis Canau.